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Com novos membros, Brics terá quase metade da produção global de petróleo

A cúpula do Brics, bloco composto por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul, anunciou nesta quinta-feira (24/8) a ampliação de seus membros. Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã foram convidados a se unir ao grupo. O anúncio foi feito pelo presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, durante coletiva de imprensa.

“Decidimos convidar Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes para se tornarem membros permanentes do Brics. A nova composição passará a valer a partir de 1º de janeiro de 2024”, disse Ramaphosa. “Valorizamos o interesse de outros países em construir uma parceria com o Brics”, completou.

A adesão dos novos membros foi oficializada na Declaração de Joanesburgo, documento acordado entre os atuais integrantes do Brics

“O Brics continuará aberto a novos candidatos”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em declaração à imprensa ao lado de Ramaphosa e dos demais líderes. Os atuais países do bloco anunciaram a definição de critérios para a futura entrada de novas nações.
Opep e gás argentino

Três dos países convidados integram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep): Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã. Os sauditas são os maiores exportadores de óleo do mundo e ficam atrás apenas dos Estados Unidos em produção, com 12,1 milhões de barris equivalentes de óleo e gás por dia (boe/dia).

Com a entrada dos novos membros, o bloco dos Brics somará uma produção conjunta de 42 milhões de boe/dia, segundo dados do Departamento de Energia dos EUA (EIA). É o correspondente a pouco menos da metade da produção mundial de cerca de 100 milhões de boe/dia.

Veja a produção média diária de cada país em 2022, segundo o EIA:

  • Arábia Saudita: 12,1 milhões de boe/dia
  • Rússia: 10,9 milhões de boe/dia
  • China: 5,1 milhões de boe/dia
  • Emirados Árabes Unidos: 4,2 milhões de boe/dia
  • Irã: 3,7 milhões de boe/dia
  • Brasil: 3,8 milhões de boe/dia
  • Índia: 879 mil boe/dia
  • Argentina: 787 mil boe/dia
  • Egito: 667 mil boe/dia
  • África do Sul: 96 mil boe/dia
  • Etiópia: –

Já a Argentina tem a expectativa de elevar a produção de gás natural partir da produção não-convencional em Vaca Muerta, na província de Neuquén. O país espera licitar entre setembro e outubro, antes das eleições presidenciais, as obras do trecho 2 do gasoduto Néstor Kirchner – que abre espaço para uma eventual exportação de gás argentino para o mercado brasileiro, no futuro.

E busca fontes de financiamento para o projeto no Brasil, além da China e Arábia Saudita – que estão juntos no novo Brics.
Moeda comum

Também ficou acordado que os bancos centrais e ministérios da Fazenda e Economia de cada país ficarão responsáveis por realizar estudos em busca da adoção de uma moeda de referência do bloco para o comércio internacional. “Essa medida poderá aumentar nossas opções de pagamento e reduzir nossas vulnerabilidades”, disse o brasileiro.

Outro acordo foi para que o grupo siga em busca de uma reforma da governança global, especialmente em relação ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

“Seguiremos defendendo temas com impacto direto na qualidade de vida de nossas populações, como o combate à fome, à pobreza, além da promoção do desenvolvimento sustentável. Promoveremos a superação de todas as formas de desigualdade e discriminação. Que o Brics continue sendo força motriz de uma ordem mundial mais justa e ator indispensável na promoção da paz, do multilateralismo e na defesa do direito internacional”, defendeu Lula.

A 15ª Cúpula de chefes de Estado do Brics se encerra nesta quinta-feira, após duas sessões ampliadas com participação dos países-membros e mais nações convidadas.

Após o fim da conferência, o presidente Lula viaja para Angola, onde fará uma visita de Estado, e depois para São Tomé e Príncipe, para participar da conferência de chefes de Estado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Autor/Veículo: EPBR