O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por unanimidade deixar a taxa Selic em 10,50% ao ano. O resultado, a primeira manutenção após sete quedas consecutivas, era esperado pelo mercado. A grande expectativa dos agentes econômicos era sobre o placar
da decisão, sobretudo após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter retomado, na véspera, a ofensiva contra o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
A votação unânime tranquiliza o mercado, depois da divisão que marcou a reunião do colegiado em maio. Ontem, o dólar subiu 0,14% e fechou o dia em R$ 5,44. Em comunicado após a reunião, o Copom afirmou que “as conjunturas doméstica e internacional” justificam neste momento “serenidade e moderação”.
Em decisão unânime, Copom mantém a taxa básica de juros em 10,5% ao ano e defende mais ‘serenidade e moderação’ na condução da política monetária
Depois de sete quedas consecutivas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central interrompeu o ciclo de cortes de juros e, em decisão unânime, manteve ontem a Selic em 10,50% ao ano. O resultado era amplamente esperado pelo mercado, com o aumento das dúvidas sobre o ajuste fiscal do governo e das expectativas de inflação.
Mais do que o resultado, porém, a grande expectativa dos agentes econômicos era sobre o placar da decisão, sobretudo após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomar, na véspera, a ofensiva contra o BC e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto. A votação unânime tranquiliza o mercado, depois da divisão que marcou a reunião do colegiado em maio.
Na ocasião, os quatro diretores já indicados por Lula votaram por um corte de 0,5 ponto porcentual. Prevaleceu o voto dos outros cinco diretores (para redução de 0,25), mas o episódio alimentou a leitura de que o BC poderia passar a ser mais leniente com a inflação depois da saída de Campos Neto, no fim do ano.
Durante o dia, refletindo essa expectativa, o dólar chegou a R$ 5,48, recuando para R$ 5,44 no fechamento (alta de 0,14%). “Uma decisão unânime era vital para não piorar o ambiente”, disse o economista
Tony Volpon, ex-diretor do BC (mais informações na pág. B4).
No comunicado divulgado após a reunião, o Copom afirmou que “as conjunturas doméstica e internacional” justificam neste momento “serenidade e moderação”. “A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas da inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.”
No caso da economia doméstica, o comunicado destaca que o mercado de trabalho segue “apresentando dinamismo maior do que o esperado” e que existe “uma maior resiliência na inflação de serviços”. A questão fiscal voltou a ser mencionada pelo Copom: “O comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”.
Para analistas, o comunicado reforça a avaliação anterior de que a Selic ficará mais tempo em patamar elevado. “O Copom fez uma parada para avaliar como se comporta o cenário, e não deve voltar a mexer na taxa nem no próximo encontro, em julho, nem em setembro”, disse o economista-chefe do Banco BMG, Flávio Serrano. Para o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, o patamar de 10,5% deve ser mantido até o fim de 2025.
Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo