A Acelen, controladora da Refinaria de Mataripe, ex-Landulpho Alves (Rlam), vai reativar uma unidade de craqueamento catalítico que havia sido hibernada pela Petrobras, o que vai ajudar a aumentar a produção de gasolina da unidade e viabilizar a parada de outra com a mesma função, sem afetar o abastecimento. A volta da unidade vai ocorrer durante a parada de manutenção programada de R$ 500 milhões anunciada pela companhia. O objetivo da parada, segundo o vice-presidente de Operações da Acelen, Celso Ferreira, é aumentar a segurança, a flexibilidade da planta e a produção, que deve atingir 97% de fator de utilização ao fim dos trabalhos, contra os 93% atuais.
Enquanto as obras estiverem sendo realizadas, a Acelen vai contar com seus estoques ou outras fontes, se necessário, para garantir o abastecimento do mercado no Nordeste e norte de Minas Gerais. Com a Petrobras, a produção era de 220 mil m3 por dia. Atualmente, a produção de Mataripe gira em torno de 280 mil m3 por dia e o objetivo é atingir 300 mil m3/d depois da manutenção.
O retorno da unidade hibernada, previsto para entre junho e julho, vai viabilizar a parada em outubro de outra unidade de craqueamento catalítico – processo químico que transforma frações mais pesadas em outras mais leves, através da quebra de moléculas -, que junto com a unidade de recuperação de enxofre serão os principais itens da parada deste ano. Ao todo, 11 das 26 unidades da refinaria passarão por manutenção até abril de 2023.
“A parada da unidade de craqueamento catalítico é a mais importante e será em outubro. Nessa parada, vamos fazer diversos tipos de intervenção, melhorar, por exemplo, a eficiência de uma das caldeiras, que vai permitir aumentar a produção da caldeira em 25%, sem usar mais combustível”, afirma Ferreira.
Segundo ele, o foco da parada também será a redução de emissões de gases efeito estufa (GEE) com o aumento da eficiência energética. “Nosso primeiro passo mais importante é trabalhar na eficiência energética, na redução de emissões, automatizando o controle do flare (mecanismos de segurança que evita o escape de produtos) por exemplo, de onde saem algumas emissões da refinaria”, afirma o executivo, que não descarta, no futuro, a produção de combustíveis renováveis na unidade.
Ferreira afirma que a refinaria adquirida da Petrobras estava em bom estado quando foi comprada, apesar de seus 70 anos de idade, e que a partir de agora todo ano serão feitos investimentos na sua modernização e possível expansão. Até o fim de 2022, o Conselho de Administração da Acelen deve avaliar um plano de aumento na produção de diesel.
“Tivemos um recorde de produção de diesel em março, de 245 mil m3 de diesel S10 (menos poluente). Aumentamos a eficiência em 5% em relação ao que recebeu. A Petrobras, em novembro do ano passado, registrou recorde de produção, e em março superamos esse recorde em 20%. Estamos avaliando no futuro fazer a expansão dessa planta”, acrescenta.
De acordo com Marcelo Lyra, vice presidente de Comunicação e Relações Institucionais, a Refinaria de Mataripe aos poucos vai adquirindo “a cara” da Acelen. Os planos são de estabelecer um programa de investimentos de longo prazo, que ainda será avaliado pelo Conselho, onde a modernização da unidade será permanente. Mercado, avaliam os executivos, não será problema, mesmo em tempos difíceis como os atuais para o setor, com preços altos e alta volatilidade.
“O que a gente observa é um mercado aquecido internamente, puxando a demanda de diesel e de gasolina, não tem impacto recessivo. Mas a volatilidade de preço é difícil”, afirma Lyra.
Diferentemente da Petrobras, que tem feito reajustes mais lentos, a Acelen aumenta ou reduz praticamente toda semana os seus principais produtos, gasolina e diesel. O gás de cozinha da refinaria chegou a ficar mais barato do que a Petrobras por algumas semanas, enquanto a gasolina e o diesel oscilam de acordo com o mercado externo. Desde janeiro, os reajustes do preço do diesel giram em torno dos 40% e os da gasolina, de 18% a 30%, dependendo do mercado. Já o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) aumentou cerca de 22%.
“A gente comprou um ativo que tem muita oportunidade de melhorar, e a gente quer aproveitar essa oportunidade. Essa parada é o inicio dessa evolução, dentro do padrão Acelen”, conclui Ferreira.
FONTE: O Estado de S.Paulo