Desde que apareceram as primeiras informações sobre um plano para incentivar a criação e venda de carros populares com preços por volta de R$ 50 mil muito foi especulado a respeito. A Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) não fugiu do assunto em sua última coletiva e revelou que esta proposta não veio da associação.
“Algumas montadores têm discutido com o governo a utilização deste nicho de mercado, do segmento de entrada, para reaquecer o mercado e, com isso, fazer a renovação da frota”, explica Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, dizendo que a associação não entrará neste assunto por correr o risco de virar um entrave na discussão, por ser um assunto que afeta apenas uma parte das fabricantes associadas que já estão conversando diretamente com o governo.
Por não participar das discussões, a Anfavea não deu muitos detalhes sobre como seria este carro popular verde, movido somente a etanol. Porém, Leite revela uma informação interessante, dizendo que a meta do governo era que estes modelos custassem em torno de R$ 45 mil e R$ 50 mil, o que já seria menos do que a previsão de até R$ 60 mil feita anteriormente, e que uma projeção seria de vender 300 mil unidades. O executivo ainda destaca que o valor dependeria da estratégia de cada fabricante e outros fatores como a renúncia tributária. Como a discussão está em um estado inicial, estes números estão funcionando mais como um exercício para simulações do que uma previsão real.
O que a Anfavea defende ativamente é o plano do governo de renovar a frota de automóveis e comerciais leves, dizendo que é algo fundalmente para o país. “Um programa de renovação de frota seria um bom passo no sentido da descabonização.
Substituiremos carros de quinze, vinte anos de uso, por outro mais novos, que tem menos emissões. É mais do que uma questão de reaquecimento do mercado, é uma questão social”, explica Leite.
Uma possibilidade levantada pelo executivo é liberar parte do FGTS para comprar um carro novo, citando o Chile como exemplo, que adotou uma estratégia semelhante em 2022. O plano previsto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, era utilizar um fundo já existe criado com investimento das petroleiras. Seja de onde vier o dinheiro, Leite afirma que isto ajudaria a superar as vendas do ano passado com folga.
Esta discussão tem como ponto principal o fato de que a indústria evoluiu pouco ante 2022, com um aumento de somente 8% na produção em comparação ao 1º trimestre do ano passado, contabilizando 536 mil unidades fabricadas. É um cenário ruim pois a escassez de componentes não está tão grave e muitas empresas cortaram turnos ou paralisaram as fábricas por completo simplesmente pela falta de clientes. O que está ajudando a indústria é a venda para locadoras, que aumentaram 93% em março e representaram 40% do crescimento do mercado de carros e comerciais leves.
Fonte: UOL