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Como a reforma tributária pode afetar o mercado de combustíveis

Relatório da proposta de reforma inclui setor de combustíveis em regimes específicos

O deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP/PB) apresentou, nesta terça (6/6), o relatório sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata da reforma tributária – prevista para ser votada na primeira semana de julho, no Plenário da Câmara.

Dentre as diretrizes da proposta construída no grupo de trabalho sobre o assunto, está a criação de regimes específicos; e de um imposto seletivo, para sobretaxar produtos e serviços que prejudiquem a saúde ou o meio ambiente.

Ambas as discussões, a depender do resultado da tramitação na Câmara, podem afetar diretamente a comercialização de combustíveis.

No caso do imposto seletivo, o texto não fixa o rol de produtos ou serviços a serem contemplados com a medida. O relator alega que, durante as audiências públicas e reuniões setoriais, surgiram diversas demandas para restringir ou ampliar o uso desse instrumento para determinados bens e serviços.

E destaca que, pela complexidade do tema, optou-se por uma redação ampla e que as especificidades sejam discutidas em âmbito infraconstitucional — possivelmente numa lei complementar, após a aprovação da reforma.

“Dessa forma, os diversos setores terão tempo de esclarecer suas particularidades e a legislação poderá ser alterada de acordo com a evolução do consumo da sociedade”, cita o documento.

Mas os derivados do petróleo estão no radar

O relatório cita os combustíveis fósseis (ao lado de tabaco e bebidas alcóolicas) como exemplos de produtos usualmente taxados por Imposto Seletivo na prática tributária internacional.

Membro do GT, a deputada Tábata Amaral (PSB/SP) cobrou, durante a apresentação do texto, que a reforma tributária esteja antenada com as discussões globais sobre a transição energética e questões climáticas.

Segundo ela, a discussão da reforma no Congresso precisa “pensar o que é bom para o nosso desenvolvimento econômico e desincentivar tudo aquilo que faz mal à saude e meio ambiente”.

E defendeu a criação de um imposto sobre o carbono.

“Entendo que esse debate ainda não está maduro no Brasil, mas países em desenvolvimento já conseguiram avançar com essa matéria… Chegou nossa hora de fazer esse debate também”, discursou.

O assunto interessa diretamente ao setor de óleo e gás. Nas audiências públicas do GT da reforma tributária, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) defendeu que o setor fique de fora da incidência do Imposto Seletivo.

Regime específico para os combustíveis

O relatório sugere a unificação dos tributos — PIS, Cofins, IPI, ICMS estadual e ISS municipal – em um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a ser cobrado no consumo.

O texto, porém, destaca a necessidade de tratamento específico para “alguns serviços e produtos que possuem peculiaridades que dificultam ou não recomendam a apuração tradicional a partir do confronto de débitos e créditos”.

Cita, como exemplos, as operações com combustíveis e lubrificantes, bens imóveis, serviços financeiros, seguro e cooperativas.

A tributação no setor de combustíveis segue, pela lei 192/2022, o regime monofásico para o ICMS (cobrança num único elo da cadeia, no refino e importação dos produtos). A exceção é o etanol hidratado.

O IBP defendeu, em audiência pública, a manutenção da incidência monofásica e alíquotas uniformes e específicas (ad rem) em âmbito nacional.

O relatório lido nesta terça dará origem a um substitutivo que será pautado para votação em plenário na primeira semana de julho.

Os pontos previstos no texto convergem com as linhas propostas pelas PECs 45 e 110 – que tratam da simplificação de impostos sobre o consumo, o fim da cumulatividade e a cobrança no destino, desonerando a cadeia de produção.