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Derrubar decisão do Comsefaz não garante queda do preço

Especialistas afirmam que a liminar que o governo federal conseguiu contra os estados no Supremo Tribunal Federal (STF), derrubando a decisão do Comsefaz (Comitê de Secretários de Fazenda dos Estados) sobre a política de ICMS do diesel não garante redução do preço final ao consumidor.

— A cadeia de combustíveis é muito complexa e influenciada por outros fatores de mercado, como acordos comerciais e logísticos — afirmou Eduardo Natal, especialista em Direito Tributário e sócio do escritório Natal & Manssur Advogados.

Na ação, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu, e o ministro André Mendonça aceitou, a suspensão do convênio firmado pelos estados, no âmbito do Comsefaz, sobre a taxação do diesel. Os estados definiram uma alíquota única, mas elevada, e permitiram que cada governo local adotasse “descontos” sobre esse valor.

Foi uma engenharia para garantir que a cobrança continuasse como vinha sendo feita antes.

Natal pondera que as disposições do convênio contornaram os princípios da lei complementar 192/2022, que buscava criar uma alíquota única sobre o combustível.

— A questão é sobre a constitucionalidade das disposições do convênio sobre a possibilidade de os estados continuarem a praticar alíquotas desiguais — afirma.

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, diz que a alíquota unificada só vale para antecipar a discussão de simplificação tributária em futura reforma, porque não haverá efeito no preço enquanto duas forças contrárias continuarem pressionando o custo para cima: o preço do barril do petróleo e a taxa de câmbio.

— Do ponto de vista econômico, o efeito no preço vai ser irrisório. O governo jogar isso para dizer que o preço do diesel vai cair é jogar para a plateia, porque não vai ter efeito de fato. Lógico que o governo vem com isso depois que teve uma alta do diesel, após várias semanas em que não tinha havido nenhum aumento — argumenta.

Para o advogado Eduardo Zangerolami, sócio da área tributária do Barcellos Tucunduva Advogados, a ação referente ao ICMS busca evitar novo aumento, mais do que viabilizar redução imediata de preço.

— Passará a valer o ICMS fixo, sem possibilidade de redução. Isso provavelmente levará o comitê a rever o valor desse ICMS fixo, podendo ser reduzido (em relação ao valor de hoje) — afirma Zangerolami.

Samir Nemer, advogado tributarista do Furtado Nemer Advogados, diz que a decisão não terá efeitos práticos sobre os preços. Ele ressalta que os aumentos já registrados são fruto do comportamento do dólar e do petróleo, as duas principais variáveis da política de preços da Petrobras:

— É uma tentativa de interferir nos estados e violar o pacto federativo, jogando o problema no colo dos governadores e se livrando da cobrança da população e, em especial, dos motoristas.

O Estado de S.Paulo

Há um mês no cargo, presidente da Petrobras já está ameaçado

A troca de comando no Ministério de Minas e Energia, com a escolha de Adolfo Sachsida para o lugar de Bento Albuquerque, pode levar a mudanças na diretoria da Petrobras. O presidente da estatal, José Mauro Ferreira Coelho, homem de confiança de Albuquerque, está sob pressão e já passa por uma fritura no governo, um mês depois de assumir o cargo.

Duas fontes do alto escalão da equipe do presidente Jair Bolsonaro não descartam, inclusive, a possibilidade de Coelho ser trocado. Sachsida também deve promover mudanças mais profundas em áreas-chave do ministério.

A demissão de Albuquerque é atribuída ao reajuste do diesel anunciado nesta semana, dias depois de o presidente pedir, ao próprio ex-ministro e a Coelho, para não mexerem mais nos preços dos combustíveis.

Ao escolher Sachsida – exsecretário do ministro da Economia, Paulo Guedes –, Bolsonaro cobrou mudanças na postura da empresa. O presidente não se conforma que a petroleira tenha um lucro bilionário e não possa dar uma “trégua” nos reajustes. Bolsonaro e aliados temem o impacto dos preços altos tanto dos combustíveis quanto da energia na sua campanha à reeleição.

Terceiro presidente da Petrobras no governo Bolsonaro, Coelho foi escolha de Albuquerque, depois que dois outros nomes – o de Adriano Pires e de Rodolfo Landim – foram descartados por conflitos de interesse com a indústria de óleo e gás. Foi Albuquerque também que barrou a indicação de Caio Paes de Andrade, secretário especial de Desburocratização do Ministério da Economia, mesmo depois de o seu nome ter sido aceito por Bolsonaro.

Colega de equipe do novo ministro de Minas e Energia, Caio voltou a figurar na lista de nomes para a diretoria da Petrobras.


Fonte: O Globo