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Economia verde: programa do governo prevê renovação da frota

Caminhoneiro autônomo desde os 20 anos, Adeilton Batista da Silva perdeu vários contratos de entrega de carga por causa da elevada idade do seu caminhão, fabricado em 1990. Adquirido há seis anos, o veículo de 33 anos teve motor, bomba injetora e outras peças substituídas seis meses após a compra, o que exigiu “um gasto enorme”, conta. No mês passado, ele recebeu uma proposta de R$ 45 mil pelo veículo. Aceitou, e agora pretende comprar um modelo 2001. “Será o caminhão mais novo que eu já tive.”

Quanto ao usado, foi vendido para a empresa Vamos, do grupo Simpar, que vai mandá-lo para reciclagem com outros 98 veículos de mais de duas décadas que está adquirindo. A condição para ter direito ao bônus é justamente enviar para reciclagem um usado com mais de 20 anos. Com isso, a empresa, que atua na revenda e na locação de caminhões, terá direito a desconto de R$ 33,6 mil a R$ 80,3 mil na compra de modelos zero, conforme prevê o programa de renovação da frota do governo federal.

O programa foi lançado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) em 5 de junho, e incluía carros de passeio até R$ 120 mil (com descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil), ônibus e caminhões. A verba divulgada para os automóveis era de R$ 800 milhões, mas quase 20% ficaram nos cofres do governo para compensar a perda de arrecadação com o incentivo. A verba acabou em um mês.

Para caminhões, o governo destinou R$ 700 milhões, além de R$ 300 milhões para ônibus. Porém, segundo o ministério, até o momento apenas R$ 100 milhões foram requisitados pelas fabricantes de caminhões. Para ônibus, foram pedidos R$ 150 milhões até o momento, e outros R$ 10 milhões aguardam aprovação do Mdic. Nesse segmento, os descontos variam de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil. O programa tem validade até o início de outubro.

BAIXA PROCURA. Segundo o Mdic, a baixa procura foi motivada por entraves relativos à quantidade e capacidade das recicladoras para receberem os veículos velhos. Também havia dificuldades para a baixa dos documentos pelos Detrans, mas no dia 31 de julho o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) divulgou deliberação simplificando o processo.

“O Brasil tem uma frota de cerca de 3,5 milhões de caminhões em circulação, sendo que 40% pertencem a autônomos, e a maioria tem mais de 20 anos”, informa o CEO da Vamos, Gustavo Couto.

Os caminhões adquiridos pela empresa têm entre 28 e 53 anos, pelos quais foram pagos de R$ 30 mil a R$ 50 mil, diz Couto. A empresa precisa dar baixa dos registros nos órgãos de trânsito e depois enviá-los para desmanches cadastrados pelos Detrans. Esses, por sua vez, têm de entregar um relatório da destinação correta de cada componente reaproveitado na reciclagem.

Com o “atestado de óbito” do caminhão em mãos, a Vamos poderá receber os bônus da montadora que fornecer o veículo novo. Segundo Couto, os veículos fabricados com o selo Euro 6 poluem 30% menos e são 30% mais econômicos em relação a modelos na faixa de 20 anos.

“Focamos a busca em locais de aglomeração desse tipo de veículo, como portos de São Paulo e do Rio de Janeiro”, diz o CEO da Vamos. Entre as aquisições, o modelo mais velho, um Scania, operava no Porto de Santos.

ÔNIBUS. Outra grande aquisição, neste caso de ônibus velhos, está sendo feita pela Suzantur, empresa que atua no transporte rodoviário em cidades do ABC paulista.

Segundo Claudinei Brogliato, presidente da empresa, já foram adquiridos 40 ônibus com idades entre 20 e 25 anos que não tinham mais condições de transportar passageiros. Eles estavam encostados ou operando em pequenas cidades no interior de vários Estados. “Vamos chegar a 150 veículos que serão retirados de circulação”, informa. O número equivale aos pedidos de ônibus novos já encaminhados às montadoras Mercedes-Benz (110), Scania (20) e Volvo (20). A Suzantur tem 510 ônibus com idade média de cinco anos. Desses, 90 serão substituídos após a compra do novo lote e 60 farão parte da ampliação da frota.

De acordo com a MercedesBenz, um ônibus fabricado na década de 90 emite óxido de nitrogênio equivalente a 55 veículos mais modernos.

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo