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Efeitos da tragédia no Sul devem elevar pressão sobre preços

Os efeitos da tragédia climática no Rio Grande do Sul sobre os preços de alimentos ameaçam colocar mais pressão sobre as estimativas de inflação para este ano e 2025 – que já vinham em alta nas últimas semanas – e virar novo motivo de preocupação para o Banco Central.

Até aqui, os indicadores oficiais se mostram sob controle. Em 12 meses até maio, o IPCA15 (uma prévia da inflação) acumula alta de 3,7%, ante 3,8% até abril. Nas últimas semanas, porém, houve uma deterioração das estimativas do mercado por causa de vários fatores combinados. Entre eles, a incerteza do cumprimento da meta fiscal do País, os preços dos serviços já pressionados pelo aquecimento do mercado de trabalho e a manutenção de juros elevados nos Estados Unidos por mais tempo. Mas o que desandou esse cenário mais recentemente foi a tragédia no Sul, concordam os economistas ouvidos pelo Estadão.

Dados do boletim Focus (uma compilação feita pelo BC) mostram que, entre os dias 3 e 24 de maio, as projeções para a inflação neste ano passaram de 3,72% para 3,86%. No caso de 2025, foram de 3,64% para 3,75%. Nesse mesmo intervalo, as estimativas para a variação dos chamados preços livres – grupo no qual estão inseridos os alimentos – subiram de 3,62% para 3,81% (neste ano) e de 3,54% para 3,7% (em 2025).

“Praticamente, a revisão para cima das expectativas de inflação ao longo de maio, especialmente para a projeção de 2024, foi por conta dos preços livres, e isso é um indício de que a mudança ocorreu por causa dos alimentos e da tragédia no Sul”, afirma o economista Fabio Romão, da LCA Consultores. A consultoria aumentou em 0,5 ponto porcentual sua projeção de alta de preços para o grupo Alimentação e Bebidas no IPCA deste ano – de 4,3% para 4,8% – depois das enchentes do Sul.

A mudança já leva em conta movimento de preços registrado no atacado. O preço do arroz em casca, por exemplo, subiu 2,74% pelo IGP-M de maio, depois de ter caído 2,71% em abril. O Rio Grande do Sul responde por 70% da produção nacional do grão.

A alta foi o argumento usado pelo governo para montar uma operação inédita pela qual a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai atuar da ponta da importação até a distribuição do produto diretamente nos pontos de venda. Com a reação dos produtores, que viram no movimento uma intervenção no setor, o governo passou a dizer que ainda trabalha no leilão de importação do arroz e que só posteriormente vai definir a modalidade de venda ao comércio.

O produto será vendido com o aviso “Arroz importado pelo governo federal” e preço tabelado de R$ 4 o quilo. •

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo