O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles defendeu nesta quarta-feira (6) o fatiamento, seguido de privatização, da Petrobras.
O objetivo da proposta é colocar fim à posição monopolista da empresa, para criar um ambiente de maior concorrência entre as companhias menores resultantes da operação.
A afirmação foi feita durante palestra para o mercado financeiro, parte do 8º Annual Brazil Investment Forum, evento virtual organizado pelo Bradesco BBI. Ele foi questionado sobre a melhor política para administrar os preços dos combustíveis no país.
Meirelles é o coordenador do grupo que elabora o programa econômico da campanha do pré-candidato à Presidência da República João Doria (PSDB-SP).
“Não pode haver intervencionismo político. Isto aí é grave. E, se for isso, é melhor deixar do jeito que está, com a paridade internacional, e a Petrobras fixando o preço”, disse Meirelles.
Segundo ele, a solução estrutural adequada seria a reestruturação da companhia, seguindo o modelo adotado para a Telebrás, ainda na década de 1990, resultando no modelo atual de telecomunicações.
“É uma discussão difícil porque se trata de uma empresa monopolista, metade privada, metade pública, [o que] é um conceito extravagante. E como uma empresa monopolista compete? É muito simples. Divide a Petrobras em três ou quatro empresas, privatiza essas companhias, e elas vão competir. Aí o mercado determina”, avaliou.
Perguntado sobre a possibilidade de Lula voltar a ocupar a presidência, diz que é cedo para saber como seria a sua política econômica. Meirelles foi presidente do BC nos oito anos da gestão do petista.
“Ele vai fazer a opção do Lula do primeiro mandato, quando ele claramente foi um governo de austeridade fiscal, com o Banco Central com independência operacional, que foi o que gerou aquele crescimento no Brasil?”, questionou.
Para Meirelles, a opção de um governo Lula como o do segundo mandato levaria a uma política de relaxamento da austeridade fiscal. Ou, na terceira hipótese, Lula poderia optar por seguir a linha da gestão Dilma, a qual teria sido marcada por expansão fiscal e intervencionismo.
“Não dá pra saber a essa altura porque, na disputa eleitoral e com a radicalização, radicalismo de um lado, e radicalismo de outro… Ele é um sujeito pragmático, [espero] que possa seguir uma política que ele próprio seguiu e que deu certo”, diz.
Meirelles deixou a secretaria da Fazenda e Planejamento do estado de São Paulo na sexta-feira (1º). No sábado, anunciou sua filiação ao União Brasil, após ter desistido de concorrer ao Senado por Goiás, o seu estado natal, como havia sido anunciado.
No evento, Meirelles defendeu ainda que o próximo governo se concentre na reforma administrativa, em primeiro lugar, para diminuir o peso das despesas com a máquina pública, abrindo espaço para ampliar os investimentos e programas sociais.
Em seguida, seria a vez de uma reforma tributária. Para eliminar essa complexidade tributária no Brasil, que gera a guerra fiscal, entre outros problemas.
“É preciso fazer como é no mundo inteiro, um imposto de valor adicionado simples. O projeto está pronto, não existe nem desafio intelectual, mas exige capital político”, disse o ex-ministro.
Ele defendeu também a abertura para o capital privado internacional nos investimentos em infraestrutura.
Fonte: Folha de S.Paulo