Após um mês sem divulgação da pesquisa Focus, as projeções de economistas para a inflação deste ano aumentaram com força, segundo o boletim divulgado pelo Banco Central nesta terça-feira (26).
O levantamento apontou que as expectativas para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiram para 7,65% em 2022, saindo de 6,86% no fim de março.
Já são 15 semanas de altas consecutivas, a projeção estava em 7,46% no boletim do dia 14 de abril, também publicado nesta terça.
O BC não divulgava a pesquisa Focus desde 28 de março, quando a publicação semanal foi interrompida devido à greve dos servidores do BC.
A paralisação, que teve início no dia 1º de abril, foi suspensa na última terça-feira (19) por duas semanas. Com isso, a autoridade monetária retomou a publicação de dados. Antes da intensificação da mobilização, a divulgação do relatório já tinha sido feita com atraso.
No último boletim publicado pelo BC, há cerca de um mês, a projeção para o IPCA de 2022 completava 11 semanas de altas consecutivas no ano, considerando o impacto da guerra na Ucrânia sobre os preços de commodities. No início de janeiro, a estimativa para a inflação era de 5,03%.
A expectativa do mercado coloca a inflação cada vez mais distante do objetivo perseguido pelo BC, que para este ano é de 3,50%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. No Relatório Trimestral de Inflação, divulgado em março, o BC admitiu ver alta probabilidade de novo estouro da meta de inflação.
Se as projeções se confirmarem, será o segundo estouro consecutivo da meta, que é estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). Em 2021, o IPCA somou 10,06%, o maior desde 2015.
Para 2023, ano considerado de maior peso no horizonte relevante do BC, a projeção mediana para o IPCA saltou de 3,80% para 4% em um mês. Na semana anterior, o indicador estava em 3,91%. A inflação do próximo ano também tem sido colocada acima do centro da meta de 3,25% –com intervalo de tolerância de 1,75% a 4,75% no próximo ano.
Já a expectativa dos economistas para o patamar da taxa básica de juros (Selic) ao fim deste ano é de 13,25%, ante taxa de 13% estimada em março. A conta para 2023, por sua vez, se manteve estável em 9%, como na última leitura que havia sido divulgada.O BC já sinalizou que o agressivo aperto monetário ainda não chegou ao fim. Atualmente, a Selic está em 11,75% ao ano. Nos dias 3 e 4 de maio, o Copom (Comitê de Política Monetária) voltará a se reunir e deve indicar nova elevação de um ponto percentual, com a taxa chegando ao patamar de 12,75% ao ano.
Para o PIB (Produto Interno Bruto), a pesquisa semanal mostrou que as estimativas são de crescimento de 0,65% neste ano e de 1% no próximo, ante 0,5% e 1,30% no último levantamento divulgado, em março.
A pesquisa Focus traz estimativas de economistas de mais de cem instituições financeiras sobre diversos indicadores, como atividade econômica, taxa básica de juros, inflação e câmbio. O relatório semanal é uma das referências na tomada de decisão do colegiado do
FONTE: Folha de S.Paulo