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Novo conselho da estatal terá pouca diversidade

Em meio às reviravoltas nas trocas da alta direção da Petrobras, o novo conselho de administração da companhia estatal provavelmente será um grupo pouco diverso, formado, em sua maioria, por advogados ou engenheiros. Entre os indicados pela União há apenas uma mulher, Ieda Cagni, que, se eleita, se juntará à representante dos empregados Rosangela Torres.

Tradicionalmente, os dois pilares para a formação de conselhos são as áreas financeira e legal, lembra o conselheiro independente e especialista em governança corporativa, Geraldo Affonso Ferreira. Mas tem sido cada vez maior a necessidade de “representatividade dos stakeholders” [partes interessadas] para considerar todo o ecossistema ligado à companhia, como funcionários, fornecedores, clientes. “Montar um conselho formado de representantes dos acionistas é uma composição atrasada. Há erro do Estado e também dos acionistas relevantes, para preservar interesses”, diz Ferreira.

Na lista de indicados para o colegiado da Petrobras há quatro advogados, três deles apontados pelo controlador: Gileno Barreto, Edison Garcia e Iêda Cagni, que é procuradora da Fazenda Nacional e advogada. Ao grupo com formação jurídica, junta-se Marcelo Gasparino, nome dos minoritários, que também indicaram o banqueiro Juca Abdalla. Já Marcio Webere Ruy Schneider são engenheiros.

O currículo de todos é extenso, seja com experiência na própria Petrobras – caso de Weber, que foi funcionário da empresa por 16 anos – no mercado de capitais ou na administração e conselho de empresas. Entre os dois nomes considerados inelegíveis pelo comitê de elegibilidade da petroleira, Jônathas de Castro é graduado em projeto financeiro aplicado ao setor logístico e Ricardo Alencar é advogado.

De forma geral, advogados, engenheiros ou financistas, que são os profissionais mais tradicionais de conselhos, têm visões voltadas para gestão de riscos e controles internos. E as empresas precisam ir além destes temas, defende a especialista em reputação e comunicação, Simone Monteiro.


“É necessário que as companhias intensifiquem a busca por mais diversidade e complementaridade nos conselhos de administração. Para essa diversidade ser efetiva, é necessário incluir olhares variados e gabaritados dentro dos conselhos”, afirma.


O investidor de longo prazo, por exemplo, está atento às questões reputacionais. “Quando a crise se instala, não dá tempo de construir uma imagem. É melhor se preparar antes nas discussões, diz Monteiro.


O ex-presidente da Previ e do Picpay, Gueitiro Genso, defende uma profissionalização da chamada “matriz de competências” nas companhias abertas. Por meio desse modelo, os conselhos podem construir uma governança para os “boards”. O objetivo é que o conselho atual reflita sobre as necessidades futuras da empresa. Para ler esta notícia, clique aqui.

Autor/Veículo: Valor Econômico