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Novo presidente da Petrobras deve manter política de preços

As primeiras reações do mercado à indicação de José Mauro Coelho à presidência da Petrobras foram de confiança na continuidade da estratégia e das políticas comerciais da companhia, entre elas a que define o preço dos combustíveis.

Analistas e investidores veem pouca margem para mudanças na gestão, tanto pelo pouco tempo hábil até as eleições quanto pela blindagem contra interferências políticas estabelecida na Lei das Estatais e no estatuto da própria companhia.

Coelho é considerado um nome com conhecimento técnico do setor e bom trânsito junto ao governo, mas com pouca experiência em gestão corporativa. Nos últimos 14 anos, ele atuou em órgãos federais ligados ao setor energético.

A escolha não entusiasmou representantes de investidores minoritários com participação relevante na companhia, mas também não foi criticada. A avaliação é que foi uma solução possível diante das dificuldades em encontrar um nome a uma semana da assembleia de acionistas.

O nome de Coelho foi anunciado apenas dois dias após a desistência do consultor Adriano Pires, primeiro indicado do governo a substituir o general Joaquim Silva e Luna na presidência da estatal.

Pires foi questionado por possível conflito de interesses com sua atividade de consultor, na qual defendeu interesses de empresas de gás e geração térmica.

Coelho, que atualmente ocupa vaga no conselho de administração da PPSA (Pré-Sal Petróleo SA), estatal responsável por gerir os interesses da União em campos do pré-sal, já defendeu a prática de preços internacionais dos combustíveis quando era do Ministério de Minas e Energia (MME).

“Diante do seu histórico técnico e de seu papel na PPSA, não esperamos nenhuma interferência na estratégia o no foco atuais”, escreveram os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos, do UBS BB.

“Acreditamos que, no curto prazo, os regulamentos da Petrobras e a lei brasileira reduz a possibilidade de intervenção nas políticas da companhia”, acrescentam Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins, do Goldman Sachs.

O mercado cita ainda a escolha de Márcio Weber para presidir o conselho como mais um sinal de que não haverá guinada na empresa. Ele já é membro do colegiado e foi escolhido para substituir a indicação do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, que também desistiu de disputar a vaga.

Para os analistas do UBS BB, Weber “contribuirá com a continuidade da estratégia da Petrobras e dará alguma estabilidade em um período de mudanças, particularmente às vésperas das eleições”.

O analista Ilan Abertman, da Ativa Investimentos, destaca que a definição dos nomes deve reduzir incertezas que geravam grande volatilidade no valor das ações da estatal, que vinha sendo negociada de maneira descolada de suas concorrentes internacionais.

Os nomes de Coelho e Weber serão apreciados pelos acionistas na próxima quarta-feira, 13. Na assembleia, o governo tenta emplacar outros oito nomes, quatro deles disputando a recondução: Weber, Ruy Flacks Schneider, Murilo Marroquim e Sonia Villalobos.

Já Coelho, Luiz Henrique Carolli, Carlos Lessa Brandão e Eduardo Karrer serão estreantes no colegiado da estatal, caso aprovados pelos acionistas, que tentam emplacar outros sete nomes para as dez vagas em disputa — a 11ª pertence a representante dos empregados.

Fonte: Folha de S.Paulo