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Novos preços de combustíveis devem reduzir o IPCA de 2023

A redução de 4% no preço da gasolina e o reajuste de 6,6% no preço do diesel anunciado na noite de ontem pela Petrobras, com validade a partir de sábado (21) devem trazer um impacto calculado entre 0,07 ponto porcentual e 0,14 p.p. no IPCA fechado de 2023, de acordo com estimativas de economistas consultados pelo InfoMoney. A estimativa é que essa queda deve aparecer já nos dados oficiais de inflação de outubro, mas o maior impacto será observado em novembro.

Alex Agostini, economista chefe da Austin Rating, explica que, em média, 70% das reduções de combustíveis anunciadas para as distribuidoras são repassados para os consumidores. Dessa forma, segundo seus cálculos, a gasolina deve apresentar redução média de 3%, com impacto de -0,15 ponto percentual no IPCA do ano. Já os aumentos, em geral, têm impacto médio de 80% na bomba. Logo, a nova alta diesel deve ficar na ordem de 5,5%, com impacto de apenas +0,01 p.p. no indicador.

A projeções praticamente não alteram as estimativas para os preços administrados, que devem mostrar alta de 10,5% em 2023 e de 5% em 2024, segundo Agostini. Esses preços reagem muito aos reajustes de combustíveis, mas o economista alerta que há risco de reajuste de energia em virtude das más condições climáticas.

Sobre desdobramentos futuros do conflito no Oriente Médio para os preços, Agostini acredita que impactos mais negativos só deverão ocorrer caso aconteça o envolvimento de outros países, como o destaque para o Irã e a Rússia, que são grandes produtores de petróleo. Ele também não acredita que a atual política de preços da Petrobras possa acarretar mudanças nas decisões sobre juros do Copom, uma vez que esse é um risco muito baixo no balanço dos fatores que o BC tem divulgado. “Mas é algo que segue sendo monitorado pela autoridade monetária.”

Para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, o impacto dos novos preços da Petrobras no IPCA do ano será de -7 pontos-base, o que significa uma redução de 0,07 ponto percentual na inflação do ano, distribuída entre os meses de outubro e, principalmente, novembro. Devido a esse impacto pequeno no índice, os novos preços não devem ter influência nas decisões do Copom, segundo sua leitura.

Ele lembra que a gasolina tem forte impacto nos preços administrados. A previsão do C6 Bank para esses preços em 2023 é de uma alta de alta de 10%, uma vez que a gasolina deve subiu 17% ao longo do ao. Para 2024, quando a expectativa de reajustes é menor, a projeção é de que os administrados devem subir 5%.

Outros itens que são importantes para essa parte de administrados são a bandeira tarifária de energia elétrica, que deve ficar verde, e as passagens de ônibus urbanos, que não devem ter reajustes relevantes nas principais cidades.

Claudia também só acredita em maior pressão de preços de combustíveis na hipótese de a guerra entre Israel e Hamas envolver outros países mais importantes para definição de preços de commodities de energia. “ Se acontecer alguma coisa mais permanente, que escale mais e envolva outros países, o impacto econômico principal seria no preço de energia, principalmente o petróleo”, explica.

Gasolina é mais relevante

Opinião semelhante tem João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro. Ele também comenta que, como a gasolina é bem mais relevante para os consumidores, o impacto líquido será positivo para o IPCA. “Estimamos um efeito de -9bps no índice, sendo -2bps em outubro e -7bps em novembro.”

Para os preços administrados como um todo, a projeção para 2023 é de uma alta de 9,9%, desacelerando para 4,0% em 2024. “Do conjunto de preços administrados, os que mais exigem atenção são os combustíveis, pela importância para o consumidor, e incertezas inerentes a esses preços, em geral, associados a eventos geopolíticos, como os que estamos vivenciando atualmente no Oriente Médio”, comenta.

Outros itens a serem observados nesse grupo de preços são a energia elétrica, medicamentos e planos de saúde, que possuem regras de reajustes que seguem muito a inflação passada e assim carregam forte inércia. “Por fim, não podemos deixar de destacar os relacionados ao transporte público, ainda mais que 2024 se trata de ano de eleições municipais, momento em que prefeitos podem conceder benesses pensando no pleito eleitoral.”

Autor/Veículo: InfoMoney