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Organização prevê aumento contínuo da demanda de petróleo até 2045

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) espera que a demanda global de petróleo continue aumentando até 2045, de acordo com as suas novas projeções, dados que vão na direção oposta aos esforços para limitar a mudança climática.

Em seu relatório de 2023 sobre as perspectivas para a demanda global de petróleo, publicado nesta segunda-feira (9), a Opep espera que a demanda de petróleo atinja 116 milhões de barris por dia (mbd) até 2045, de acordo com o seu cenário de referência, 16,5% a mais do que em 2022. Isso é aproximadamente 6 mbd a mais do que a estimativa anterior em 2022 (109,8 mb/dia).

Esta demanda tem “potencial para ser ainda maior”, afirmou o secretário-geral do cartel, o kuwaitiano Haitham Al Ghais.

“O mundo continuará precisando usar todas as energias, incluindo petróleo e gás, nos próximos anos e décadas”, declarou Al Ghais durante a apresentação do relatório aos membros da organização.

De acordo com a Opep (um grupo de 13 produtores liderados pela Arábia Saudita que inclui países do Golfo e outros exportadores, como a Venezuela), a demanda global de petróleo será impulsionada pelas nações que não pertencem à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com a Índia à frente.

Para a Opep, a demanda de petróleo poderá ser satisfeita apenas com investimentos estimados em US$ 14 trilhões (R$ 72,6 trilhões na cotação atual) no setor entre agora e 2045, ou seja, cerca de US$ 610 bilhões (R$ 3,1 trilhões) em média por ano.

“É benéfico tanto para os produtores como para os consumidores”, defendeu Haitham Al Ghais no documento de 298 páginas, que foi publicado menos de oito semanas antes da próxima reunião global sobre o clima, a COP28, em Dubai, que abordará o futuro dos combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão).

“Os apelos à interrupção dos investimentos em novos projetos são errados e podem levar ao caos energético e econômico”, alertou Haitham Al Ghais, em uma crítica direta ao cenário proposto pela Agência Internacional de Energia (AIE) para que o mundo alcance a neutralidade do carbono em 2050.

“Não existe um caminho único para alcançar a neutralidade do carbono”, afirmou perante os membros da Opep, garantindo que o petróleo continuará tendo uma “parte preponderante”.

Investir nas renováveis

Em 2021, a AIE, uma agência da OCDE, surpreendeu o mundo ao pedir o abandono imediato de todos os novos projetos de exploração de hidrocarbonetos.

“Novos projetos de petróleo e gás não são necessários na fase inicial a longo prazo”, indicou recentemente a AIE, cujo calendário para a neutralidade do carbono inclui uma queda na demanda de petróleo, para 24 mbd em 2050, graças ao boom das energias limpas.

De todo modo, a AIE prevê que a demanda de petróleo começará a diminuir nesta década.

As previsões da Opep baseiam-se em um cenário de referência que adota “uma abordagem realista da demanda energética global e da demanda de petróleo”.

O cartel dos países exportadores de petróleo destaca que “não existe uma solução única para responder ao crescimento global das necessidades energéticas”, em um momento em que há uma aposta crescente nos veículos elétricos e na energia solar.

Este discurso coincide com o dos Emirados Árabes Unidos, membro da Opep e organizador da COP28, cujo presidente Sultan Al Jaber reiterou que não é possível desligar o atual sistema energético e que é necessário começar a triplicar a capacidade das energias renováveis.

A Opep assegura que os “objetivos ambiciosos” das economias desenvolvidas sobre as energias de baixo carbono “estão cada vez mais em contradição com as realidades do terreno”, com os investimentos “consideravelmente atrasados”.

A Opep estudou dois outros cenários, um deles com mais energias renováveis, o que gerou um declínio na demanda de petróleo de 18 mbd em comparação com a sua base de referência de 2045 (116 milhões).

Um terceiro, baseado em um maior crescimento econômico e uma menor coordenação das políticas climáticas, atinge mais 6,3 mbd em 2045 do que os 116 milhões esperados no seu cenário de referência. A Opep apoia as tecnologias de captura de carbono.

(AFP)

Autor/Veículo: Folha de São Paulo