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Pacote joga problema inflacionário para 2023

O pacote do governo para reduzir o preço dos combustíveis pode baixar a inflação e estimular a economia no curto prazo, durante o período eleitoral. Porém, boa parte desses ganhos seria devolvida em 2023, o que tende a tornar ainda mais difícil o cenário do próximo mandato presidencial. “A melhor definição é populismo fiscal”, afirma Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central. “Derruba a inflação no ano eleitoral, com o objetivo de aumentar a popularidade do presidente. Transfere inflação para o próximo ano. Isto não é política econômica. Não há objetivos econômicos nem sociais”, resume ele.

Os economistas do mercado financeiro estão fazendo contas para medir o efeito que o pacote teria. Considerando que todas as medidas fossem bem-sucedidas, a inflação neste ano poderia ficar cerca de três pontos percentuais menor do que o previsto, segundo cálculos do Itaú Unibanco, que estão em linha com estimativas de outras instituições financeira. No entanto, boa parte delas é temporária.

O governo Bolsonaro anunciou a intenção de ressarcir os Estados que cortarem o ICMS incidente no diesel e no gás de cozinha de 17% para zero. Também pretende zerar a alíquota de impostos federais até o fim do ano. Essa ação, nas contas do Itaú, teria um impacto de tirar cerca de 0,9 ponto percentual da inflação de 2022. Mas, como só valem para este ano, provocariam um incremento também de 0,9 ponto percentual na inflação de 2023, que hoje é o principal alvo da política monetária.

Considerando os dois efeitos, a inflação neste ano cairia dos cerca de 9% estimados pelo mercado para 6%, garantindo um alívio para o presidente Bolsonaro no período eleitoral. Mas, no ano que vem, a inflação poderia passar dos 4,39% previstos para cerca de 5,4%. Dessa forma, vai se distanciando da meta, de 3,25%. Além disso, o pacote piora a percepção fiscal. “O risco fiscal está aumentando e cria um novo problema para a nova administração, seja quem for o presidente”, diz a economista-chefe do Credit Suisse, Solange Srour.

Fonte: Valor Econômico