A Petrobras pretende manter a estratégia de desinvestimentos para impulsionar a competitividade e a ampliação de campos maduros no país. A ideia foi reforçada pelo gerente executivo de Águas Profundas da companhia, César Cunha, durante palestra na Rio Oil & Gas.
Segundo dados da estatal, o percentual de concessões maduras operadas por outras empresas no Brasil aumentou de 16% em 2010 para 38% em 2021, com o número de companhias operadoras saltando de 24 para 44 nesse período.
A venda de campos maduros de petróleo é parte de um projeto de desinvestimentos da Petrobras lançado em 2015, pois a empresa tinha como objetivo concentrar seus investimentos no pré-sal e, assim, vender seus ativos menos lucrativos.
“Um bom exemplo da realocação dos investimentos é o Plano de Revitalização da Bacia de Campos, que recebeu o aporte de US$ 16 bilhões como parte do Plano Estratégico da Petrobras. Nossa previsão é que tenhamos em 2026 uma produção de 900 mil boe/dia, sendo 600 mil boe/dia em novos projetos”, disse o executivo.
Segundo a Petrobras, as empresas que têm participado das concessões têm dado fôlego à operação dos ativos desinvestidos, mudando a tendência de declínio da produção desses campos.
“Os desinvestimentos da Petrobras concentrados em ativos maduros atraem principalmente empresas de menor porte, especializadas em extrair mais valor deste tipo de ativo, a exemplo do que acontece em outras bacias no mundo”, acrescentou.
Ao CNN Brasil Business, a Petrobras informou algumas empresas que compraram ativos maduros e estão obtendo “bons resultados”, como a 3R e a PetroRecôncavo.
Bruno Pascon, sócio e diretor da CBIE Advisory, explicou que a amplitude de empresas atuando na exploração desses ativos previstos no plano de desinvestimento melhoram a perspectiva de exploração dessas áreas.
“A Petrobras parou de perfurar em áreas maduras por falta de investimento há cerca de 15 anos, então quem compra ativos em águas rasas e campos maduros com pouco investimento já alavanca a produção e consegue bons resultados”, afirmou Bruno Pascon, sócio e diretor da CBIE Advisory.
Segundo o especialista, o foco da estatal em investir em pré-sal deve ser o mesmo nos próximos anos, independentemente de resultados eleitorais e o próximo governo a comandar o país nos anos seguintes.
“A Petrobras tomou uma decisão estratégica com o pré-sal e, com os esforços da exploração nessa área e maior concorrência nos outros âmbitos, com mais investimentos em águas rasas, por exemplo, o Brasil deve estar entre os cinco maiores produtores de petróleo do mundo até 2030”, pontuou Pascon.
A 3R Petroleum adquiriu nove ativos em quatro bacias sedimentares dentro do Programa de Desinvestimento da Petrobras. A empresa informou ao CNN Brasil Business que, se forem considerados os nove ativos do portfólio já contratados, a produção para setembro atingiu aproximadamente 43 mil barris de óleo por dia.
Os ativos adquiridos foram os polos Macau, Areia Branca, Pescada e Potiguar, no Rio Grande do Norte; Fazenda Belém, no Ceará; Rio Ventura e Recôncavo, na Bahia; Peroá, na Bacia do Espírito Santo; e Papa-Terra, na Bacia de Campos.
“Em dois anos de operação no Polo Macau, no Rio Grande do Norte, assumido em maio de 2020, a 3R registrou aumento de 70% da produção de óleo nos campos e, na Bahia, no Polo Rio Ventura, assumido em julho de 2021, a Companhia dobrou a produção no primeiro ano de operação”, destacou, em nota.
O CNN Brasil Business também entrou em contato com a PetroRecôncavo, mas não recebeu retorno até o momento desta reportagem. A empresa opera o Ativo Bahia, que conta com 36 campos de concessão, e o Ativo Potiguar, que conta com 32 campos de concessão, além de ter participação em uma concessão operada por parceiros.
Fonte: CNN Brasil