Podemos ser os últimos a produzir petróleo no mundo.” Essa é a avaliação de Jean Paul Prates, CEO da Petrobras (PETR4). Em entrevista à Bloomberg no fim de março, ele disse que a extração do óleo vai continuar a ser o carro-chefe da companhia nas próximas décadas.
A declaração vai na contramão do mundo, que tem traçado metas para sepultar carros com motores à combustão, em um esforço para reduzir a emissão de CO2 e frear o aquecimento do planeta. Também bate de frente com o discurso das gigantes globais do petróleo, que reza pela transição para energias renováveis – daí o “últimos a produzir petróleo”. Só que a visão de Prates vai igualmente na direção oposta à traçada pelo próprio governo, que deseja ampliar a participação da Petro no mundo da energia limpa.
A próxima empreitada da estatal é, inclusive, alvo de críticas por parte do governo. O plano é explorar a costa entre o Amapá e o Rio Grande do Norte. O projeto, batizado de Margem Equatorial, foi comparado a Belo Monte pela ministra Marina Silva, dado o potencial de impacto ambiental.
Após torcer narizes com sua fala politicamente incorreta, Prates gravou um vídeo para dizer que assumiu a empresa com o compromisso de impulsionar a transição energética, especialmente com mais investimento em energia eólica offshore, e que a exploração da região do Amazonas vai depender da vontade do governo.
“No entanto, é preciso destacar que as atividades de petróleo e gás continuarão sendo essenciais pelos próximos anos para viabilizar essa transição, tanto do ponto de vista financeiro quanto para garantir a segurança energética no Brasil”, ponderou o executivo.
O objetivo do ex-senador é aumentar a participação da Petro no mercado. Para isso, é indispensável explorar novas regiões.
Se bem-sucedida, a operação da Margem Equatorial pode aumentar consideravelmente a produção brasileira, que deve bater o recorde de 3,4 milhões de barris por dia ainda este ano. Isso porque o solo da região é semelhante ao da costa da Guiana, onde a Exxon descobriu poços com 11 bilhões de barris de óleo e gás em 2015. Segundo o governo do país, é possível que a reserva chegue a 25 bilhões de barris, o que levaria a uma produção de 1,64 milhão de barris ao dia até 2030.
Considerando que a costa brasileira a ser explorada é bem maior que a guianense, ela poderia ser um novo pré-sal. E, por mais que o futuro não pertença ao suco de dinossauro, um pré-sal ainda vale infinitamente mais que um parque eólico.
Fonte: Você SA – Abril