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Banco Central reduz juros em 0,50 ponto porcentual pela 4ª vez consecutiva

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central seguiu o plano de voo e reduziu pela quarta vez seguida a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, de 12,25% para 11,75% ao ano, em decisão unânime.

Os membros do comitê indicaram ainda que “uma redução de mesma magnitude” deverá ocorrer nas “próximas reuniões”. Eles avaliaram que o ritmo é “apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, caso confirmado o cenário esperado.

“O comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, diz trecho da decisão.

Ao justificar a decisão desta quarta, o BC disse entender que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025. “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, diz o comunicado.

A autoridade monetária também destacou a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária. “O comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, diz o texto.

A queda da Selic nesse ritmo já era amplamente esperada devido à sinalização dada no encontro anterior, em novembro. Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, todas as 57 instituições financeiras consultadas acreditavam que o Copom iria decidir por mais um corte de 0,50 ponto, para 11,75% ao ano.

As expectativas de inflação do Boletim Focus deste e do próximo ano variaram entre os dois encontros do comitê, mas as estimativas de prazos mais longos seguiram desancoradas. A mediana para a inflação de 2023 passou de 4,63% no último Copom, no começo de novembro, para 4,51% na última divulgação, 0,24 ponto abaixo do teto da meta (4,75%).

Para 2024, houve leve piora entre as duas reuniões, de 3,90% para 3,93%, contra o alvo central de 3%. Já para 2025 e 2026, as estimativas ficaram estacionadas em 3,50%, ainda acima da meta contínua de 3%.

Ambiente externo

O Copom avaliou ainda, no comunicado, que o cenário externo segue volátil, mas menos adverso do que na última reunião do colegiado.

A autoridade monetária ainda ressaltou que os demais bancos centrais seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, mesmo em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. “O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, alerta.

Em relação à economia doméstica, o comunicado indicou que o conjunto de indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia já antecipado pelo próprio Copom. “A inflação cheia ao consumidor, conforme esperado, manteve trajetória de desinflação, com destaque para as medidas de inflação subjacente, que se aproximam da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, destacou o comunicado.

Inflação

As projeções oficiais do BC para a inflação caíram, conforme o comunicado. No cenário de referência, que utiliza câmbio variando conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC) e juros do Relatório de Mercado Focus, o BC alterou a projeção do IPCA de 2023 de 4,7% para 4,6%. Para 2024, a atualização foi de 3,6% para 3,5%. Já para 2025, permaneceu em 3,2%.

No cenário de referência, a autarquia ainda atualizou no Copom as projeções para os preços administrados. Em 2023, a estimativa passou de 9,3% para 9,1%, com as recentes quedas de combustíveis. Já em 2024, variou de 5,0% para 4,5%. A projeção para 2025 continuou em 3,6%.

Juro real

Mesmo com a nova baixa, o País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 6,11% e continua apenas atrás do México (6,58%). Em terceiro, aparece a Colômbia (5,07%).

A média das 40 economias pesquisadas é de 0,90%. Nas contas do BC, o juro neutro brasileiro, que não estimula nem contrai a economia e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira, é de 4,5%.

Autor/Veículo: O Estado de São Paulo